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A mostrar mensagens de 2018
A água por entre os dedos, as tuas mãos em concha, uma imagem de apagar a sede onde os teus olhos desaguam. É aí que o dia se evapora numa segunda adivinhação: a sede da terra que já foi engolida pelas chamas. A outra é estar diante da seara e esquecer os mortos como se nada tivesse acontecido. Este ar passivo e morno que nos transforma em pássaros inquietos, numa total ausência de sons e de mãos caídas sobre essa tarde de ânsias e esperas! As aves fugiram. O seu lugar estava disforme e indecifrável. Não havia sombra. Tudo era cinzento e tudo se desfazia numa espessa nuvem de negro fumo que tingia montes. Agora, a árvore das labaredas cresce mil vezes mais e os rios, onde ela vai beber, começam lentamente a secar. Depois invadiste aquele silêncio selvagem e caminhaste noutra direção, a de reconstruir o teu tear sagrado. Certamente o último lugar do fogo onde, pelos teus trapos, havias deixado a marca das tuas mãos. Falaram-te do inferno, de um arco-íris escondido entre as
Procurava o olhar íntimo de uma oração que aos pés da cidade o tempo consagrou. Talvez se demorasse. Ia com os instantes selados no peito até ao fim dos séculos para que o tempo deixasse de passar por si.
Um poema, em forma de soneto para os meus amigos, neste final de férias.
Ler poesia é a melhor terapia Os poetas têm o nobre condão de fazer do poema arco e setas do silêncio morada e solidão da carne das palavras doces letras. O pensamento é o seu lugar fiel o áureo de luz na caminhada e a loucura do branco do papel é o vinho que eles bebem à chegada. Então chegados à grande vastidão vendo o poema ausente logo fazem o resgate da caneta à fantasia. E em dando à escrita mão na mão a palavra talhada em prosa ou verso sentem acontecer a poesia. Álvaro de Oliveira
E Leio... O poema é o esplendor do teu olhar a candura de um voo na mensagem a ternura de um verso ao luar a estrela da manhã, a bela imagem. O poema habita agora em mil abraços é sonho, o sol das mãos, linho de mágoa todas as cores dos rios, os teus braços a folha de papel, o manto de água. É melodia, amêndoa doce, o espaço sem espaço, sem tecto, sem medida o pôr do sol em amena despedida O sol do outono, as várias cores da folha é o instante sagrado e sublime o ritmo duma oração que nos redime.
Álvaro de Oliveira participa no Evento Dizer Poesia.
Falo-te de uma pureza das palavras das várias cores da seara por Abril da brisa que passa em risos de manhãs e da tela onde escreves a branco o teu silêncio. Falo-te de referências do povo de rostos e de casas, e de aves povoando o amanhecer dos dias, como das mãos que tecem, fio a fio, a orla rendada do meu país. Mas ainda posso falar-te das manhãs de primavera das palavras puras e despidas de cansaço da poesia dourada em espelhos de água sobre livros que já me enlouqueceram. Álvaro de Oliveira
Bibliografia Português, natural de Braga, Álvaro de Oliveira despontou ainda muito cedo para a escrita, começando a publicar os seus textos poéticos em vários jornais e revistas de que se destacam o Desforço de Fafe, Gazeta de Felgueiras, Diário de Notícias, Comércio de Guimarães, Correio do Minho e Diário do Minho. Foi profissional de Telecomunicações na Portugal Telecom. Reformou-se aos 50 anos de idade como Fiscal de Telecomunicações para se dedicar por inteiro à escrita. Em 1994 vê o seu nome inscrito na História de Os CTT nas Artes, nas Ciências e nas Letras. Em 2005 foi homenageado na sua terra por serviços prestados à Cultura. E em 2007 a autarquia de Nogueira, Braga, agraciou-o com Medalha de Mérito Literário. Escreveu, durante doze anos, uma crónica semanal no Jornal Correi do Minho. Colaborou e colabora, fazendo Crítica Literária, com o Jornal Diário do Minho. É autor dos seguintes títulos Poesia: Mãos de Sal, 1979. Mar da Boca, 1985. Mãos de Fogo